A popularização do Bitcoin na década passada inaugurou uma tendência que veio para ficar: a descentralização financeira, marcada pela negociação de ativos por meio de uma rede virtual auditável sem a necessidade de participação de intermediários (como bancos, corretoras e cartórios). A partir de então, surgiram diversas outras criptomoedas e, mais recentemente, os tokens. Mas afinal, você sabe o que são tokens?
Tokens nada mais são do que representações digitais de ativos reais que podem ser negociados livremente dentro de determinado sistema tecnológico (usualmente, uma rede blockchain). Ações, obras de arte e metais preciosos, por exemplo, podem ser objeto de tokenização para que seu valor possa ser representado no mundo digital a partir de um código, isto é, de um token.
Assim como uma criptomoeda, um token pode ser utilizado como substituto do dinheiro em uma transação. No entanto, nem todo token é uma criptomoeda. Nesse sentido, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) emitiu orientação (sobre a qual já falamos em outro artigo [1]) por meio da qual conceituou e subdividiu os tokens em 3 tipos:
- tokens de pagamento: replicam a função da moeda, sendo meio de troca e/ou reserva de valor, como um token que substitui os dados de cartão de crédito;
- tokens de utilidade: utilizados para adquirir ou acessar determinados produtos ou serviços, funcionando como cupons de descontos ou vouchers, por exemplo; e
- tokens referenciados a ativos: representações digitais de ativos, tangíveis ou intangíveis, como ações, debêntures, commodities, non-fungible tokens (NFTs), obras de artes etc.
E qual o objetivo e a utilidade prática da tokenização? Basicamente, é trazer segurança, transparência e agilidade nas transações comerciais. Isso porque, a utilização de blockchain na realização de transações (i) automatiza processos, (ii) elimina intermediários e (iii) chancela a autenticidade da operação, já que é considerada segura e praticamente impossível de se hackear.
Por meio da tokenização, é possível dar liquidez a ativos que antes não eram líquidos, como certos títulos de renda fixa (principalmente aqueles emitidos por bancos para clientes de varejo em operações passivas, como CDBs).
Fica claro, portanto, que a tokenização veio para ficar na medida em que possibilita que inúmeros ativos, antes considerados ilíquidos, sejam negociados com mais facilidade e a custos acessíveis diante da ausência de intermediários. Mas, apesar disso, para se evitar golpes, é necessário que o interessado em investir em projetos que envolvam tokens pesquise bastante sobre o emissor e busque conhecer o projeto por trás da tokenização.
[1] https://dcom.law/criptoativos-e-o-parecer-de-orientacao-cvm-n-o-40/