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Governança Corporativa

Governança, ética e eficiência corporativa: o que tem a ver?

Nas últimas décadas, a governança ganhou destaque entre no mundo corporativo, especialmente após escândalos envolvendo empresas como Enron, WorldCom e, mais recentemente, Lojas Americanas. Cada vez mais, as empresas estão preocupadas com processos de tomada de decisão eficiente, com uma gestão transparente e proba e com o cumprimento de leis e regulamentações.
01.08.2023 por DCOM
Foto colaborador

Nas últimas décadas, inúmeros escândalos financeiros envolvendo grandes companhias, como Enron, WorldCom e, mais recentemente, Lojas Americanas, fizeram com que o conceito de governança corporativa ganhasse destaque na mídia e no mundo corporativo. Tais escândalos, em grande parte provocados por conflitos de interesse entre a administração e os acionistas, evidenciaram a importância da transparência na gestão de empresas.

O que é governança?

Não há um único conceito para definir governança, mas, em termos gerais, pode-se dizer que é um conjunto de práticas e processos que visam estabelecer uma estrutura de tomada de decisões eficaz, promover a transparência, a sustentabilidade e a prestação de contas no ambiente corporativo e assegurar o cumprimento de leis e regulamentações.

Um dos seus pilares fundamentais é a estruturação clara e eficiente das responsabilidades e dos papéis dos diversos atores da organização, como sócios, executivos e demais órgãos envolvidos em sua administração. Tais definições contribuem para organização dos mecanismos que auxiliam na gestão da empresa e no controle das atividades empresariais.

Governança corporativa em LTDA vs. S.A.

A legislação societária brasileira estabelece diferentes modelos de governança corporativa para empresas, a depender de sua natureza jurídica.

Nas sociedades limitadas, temos:

 ·        Reunião de Sócios: é o órgão de natureza deliberativa, regulado pelo Código Civil. É onde são tomadas as principais decisões sobre matérias específicas da organização, como constituição e alterações ao contrato social, nomeação e destituição de administradores, distribuição de lucros, entre outras; e

 ·        Diretoria: é o órgão de natureza executiva da sociedade, composto pelos seus administradores. Enquanto a reunião de sócios delibera e toma decisões sobre os rumos da organização, a diretoria as executa. Os diretores têm poderes para representar a empresa ativa e passivamente, bem como tomar decisões rotineiras.

 Já nas sociedades anônimas, os órgãos de governança costumam ser mais robustos e diversificados:

 ·        Assembleia Geral: é o principal órgão deliberativo das S.A., equivalente à Reunião de Sócios. As deliberações da Assembleia Geral seguem as regras estabelecidas na Lei n.º 6.404/76 (“Lei das S.A.”) e podem ser tomadas conforme os quóruns estabelecidos em lei ou no estatuto social;

 ·        Diretoria: assim como nas sociedades limitadas, é o órgão responsável pela gestão e condução dos negócios sociais. É a diretoria que executa as estratégias e diretrizes aprovadas pelo conselho de administração, bem como as deliberações tomadas em assembleia;

 ·        Conselho de administração: é o órgão encarregado de supervisionar a gestão da empresa e de decidir os seus rumos estratégicos. Apesar de só ser obrigatório nas companhias de capital aberto, as companhias de capital fechado e as sociedades limitadas também podem se beneficiar da criação do conselho de administração para tornar o modelo de governança mais robusto, especialmente diante da separação entre gestão e controle; e

 ·        Conselho fiscal: é o órgão de fiscalização independente dos administradores que tem como objetivo proteger os interesses dos acionistas e a integridade da empresa, podendo ser permanente ou não. É obrigatório para algumas categorias de S.A. e opcional para outras. Sua função é analisar as demonstrações financeiras da sociedade, verificar a conformidade das práticas contábeis e fiscalizar as atividades dos administradores. Assim como no caso do conselho de administração, as sociedades limitadas também podem constituir um conselho fiscal, como previsto entre os artigos 1.066 a 1.070 do Código Civil.

Objetivos da governança

(i) Transparência: empresas que adotam práticas de governança tendem a fornecer informações claras, confiáveis e acessíveis sobre suas atividades, desempenho financeiro, estratégias, riscos e impactos ambientais e sociais. Essa transparência permite que os investidores, os clientes, os funcionários e outras partes interessadas compreendam melhor a empresa e tomem decisões informadas.

(ii) Prestação de contas: as empresas devem ser responsáveis perante seus sócios e outras partes interessadas pelo cumprimento de suas obrigações legais e regulatórias, bem como pelos resultados alcançados. Pode-se optar pela realização de auditorias externas e a divulgação de relatórios financeiros e de sustentabilidade.

(iii) Ética e responsabilidade: uma governança robusta promove a ética e a responsabilidade corporativa. Empresas que adotam práticas de governança responsável levam em consideração não apenas os aspectos financeiros, mas também os impactos sociais e ambientais de suas atividades. Podem ser estabelecidas políticas e procedimentos para evitar práticas antiéticas, como corrupção e fraude, além da promoção do desenvolvimento sustentável.

(iv) Atração de investidores: uma empresa com uma governança sólida tende a atrair investidores e parceiros comerciais, pois transmite confiança e credibilidade. Além disso, a governança eficaz contribui para a minimização de riscos e a maximização do desempenho financeiro.

Conclusão

Independentemente do porte, tipo societário e tipo de controle, a estruturação da governança interna contribui para melhorar a imagem e o valor de mercado das empresas, de forma adequada à realidade de cada uma. Para que tenha sucesso, é importante que as organizações estejam cientes das responsabilidades e das obrigações de cada órgão de governança.

Além disso, é preciso que a estrutura de governança seja voltada ao enfrentamento do risco do negócio, de forma flexível o suficiente para lidar com um mercado altamente mutável e competitivo. Assim, independentemente de suas particularidades, é fundamental buscar o equilíbrio entre a necessidade de controle e a flexibilidade para a inovação e o crescimento.